Estes dados foram recolhidos pela Kaya Mind, uma empresa especializada em consultoria de inteligência de dados de canábis.
"É muito raro, na fase avançada da maturidade que a economia global está em, para que novos mercados bilionários emerjam do zero, que é o que tem acontecido com o setor da canábis com a recente flexibilidade em relação à planta em todo o mundo", declarou Maria Eugênia Riscala, CEO da Kaya Mind.
"Além disso, a fábrica tem inúmeros fins, sendo capaz de fornecer matéria-prima para os mais variados setores, temos um mercado extremamente promissor dentro das suas limitações", diz. "A canábis não substituirá todos os usos médicos ou de construção, mas pode beneficiar muitos destes mercados."
Com um olho neste potencial, muitas startups brasileiras relacionadas com o setor têm surgido no Brasil nos últimos anos.
De acordo com Marcelo De Vita Grecco, diretor de marketing da O Centro Verde, uma plataforma especializada em aceleração de startups brasileiras, com foco em negócios focados na indústria da canábis, a construção deste ecossistema ainda está na sua infância, "mas as startups brasileiras exploram da biotecnologia para a economia criativa, passando por soluções financeiras e tendo um importante berço no meio académico".
"As iniciativas das startups brasileiras devem crescer e multiplicar-se com o avanço deste mercado", diz o executivo. Para ele, a impossibilidade de um cultivo mais alargado de canábis no país não tem um impacto relevante nessas iniciativas.
"Embora o lançamento não ocorra, a cadeia de produção pode desenvolver-se inicialmente através de importações legais de derivados da fábrica", explica Grecco. "Há muita matéria-prima em oferta, mesmo em países vizinhos como o Uruguai e o Paraguai. Com isso, estrategicamente, a tecnologia seria desenvolvida no país para diferentes aplicações, sistema logístico e, mais importante, o mercado de consumo".
Considera que, antes de se centrar tanto no cultivo, tem de haver procura para absorver esta produção; caso contrário, o país torna-se mais um produtor de matérias-primas e não de produtos finais (como medicamentos à base da planta, por exemplo). "É o caso do Uruguai e do Equador. Ambos estão muito focados na produção, há muita gente a plantar, mas ainda não há procura suficiente para absorvê-la", explica. "Com um mercado formado, quando a plantação é lançada numa startup brasileira, o crescimento no fornecimento de matérias-primas ajudará a tornar os produtos finais mais baratos e acessíveis."
Da autoria do deputado Fábio Mitidieri (PSD/SE), Bill (PL) 399/2015, o mais avançado do país em relação ao assunto, foi aprovado em 8 de junho deste ano por uma comissão especial da Câmara dos Deputados, na sequência, conclusivamente, da aprovação pelo Senado Federal. Ainda não há previsão para votar pelos senadores.
Embora a plantação e a utilização de canábis noutras áreas ainda não seja uma realidade, o consumo de derivados vegetais tem um forte apelo na indústria farmacêutica. Atualmente, cerca de 60 países têm regulamentos específicos para o uso medicinal de canábis, que podem ser usados de forma segura e eficaz no tratamento do autismo, epilepsia, doença de Alzheimer, fibromialgia, depressão, ansiedade e dor crónica.
Como terapia para condições psiquiátricas como transtorno de ansiedade, psicose, depressão, e outros, especialistas garantem que estas substâncias mostram promessa, embora ainda sejam necessários níveis mais elevados de evidência.
Segundo o médico biomédico Renato Filev, especialista em canábis e sistema endocanabinóide e médico em neurociência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a falta de regulação e criminalização da canábis afeta toda a gente, mesmo aqueles que nunca usaram canábis.
"A proibição da droga acaba por gerar mais custos e danos sociais e públicos e individuais na saúde do que aqueles que a política visa combater", declara Filev. "O resultado é que as pessoas que enfrentam algum problema de saúde para os quais a canábis pode ser usada são afetadas pela proibição de diferentes camadas."
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