No campus de Ribeirão Preto, no Brasil, os testes em animais mostraram o potencial do canabidiol (CBD) na redução da dor crónica e no tratamento de comorbilidades associadas, como a ansiedade. Os resultados da pesquisa sugerem que o canabidiol pode ser um adjunto no tratamento da dor crónica e que também pode reverter o comportamento de ansiedade. Mas os investigadores alertam que os ensaios clínicos devem ser feitos para confirmar os resultados.
Uma investigação desenvolvida por cientistas do campus ribeirão preto da USP em animais de laboratório mostra a ação positiva do canabidiol (CBD) – substância extraída da planta sativa da Canábis – na redução da dor crónica e das comorbilidades associadas, como a ansiedade.
A investigadora Gleice K. Silva-Cardoso, do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (FFCLRP) acredita que o CBD é uma estratégia promissora para o tratamento da dor neuropática crónica. O sistema canabinóide desempenha um papel essencial no circuito de sensibilidade à dor. O sistema endocanabinóide (encontrado no cérebro e em vários outros lugares do corpo humano e animal) foi descoberto no final da década de 1980, e desde então, vários estudos nacionais e internacionais envolvendo os efeitos terapêuticos do CBD ganharam tração. Um artigo de Gleice K. Silva-Cardoso foi publicado na revista Neurofarmacologia.
Os resultados são da fase pré-clínica (testes realizados em animais de laboratório), mas mostraram o potencial terapêutico do CBD na redução da perceção da alodynia (dor a estímulos leves, como um simples toque) e hiperalgesia térmica (uma condição dolorosa causada pelo aumento do calor) em animais com dor neuropática. Segundo a professora Christie Ramos Andrade Leite Panissi, do Departamento de Psicologia da FFCLRP e supervisora de investigação, além da redução da dor, os cientistas observaram "a ativação de regiões do sistema nervoso central relacionadas com a modulação das respostas emocionais".
Quanto ao fator emocional, Gleice afirma que a dor crónica nunca vem sozinha e é frequentemente associada a alguma comorbilidade, "especialmente ansiedade e depressão". Assim, ela acredita que a desordem deve ser tratada num aspeto multifatorial e não apenas físico. As avaliações da investigadora também são baseadas em resultados anteriores de um outro estudo que realizou no Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, quando avaliou as atividades neuronais (comunicação entre neurónios e seus recetores) numa área localizada no tronco cerebral: o núcleo parabraquial, envolvido na modulação da perceção crónica da dor e que também foi testado para recetores canabinóides.
A canábis é composta por flavonoides, mais de 200 terpenos, e mais de 100 fitocanabinóides, entre os quais os mais conhecidos são o canabidiol (CBD, que não tem efeito psicoativo) e o tetrahidrocanabinol (THC, que tem um efeito psicoativo). Como um dos mais estudados, o CBD é capaz de ativar recetores canabinóides presentes no corpo e que faz parte do sistema endocanabinóide. Estes recetores podem ser ativados por substâncias endocanabinóides (produzidas pelo próprio corpo) e por derivados da Canábis, como o CBD ou outro agente sintético.
O professor Christie destaca que a procura de agentes terapêuticos, "especialmente para casos de dor crónica resistente aos tratamentos tradicionais", confirma a relevância do estudo, não só para a descoberta de novos fármacos, mas para a investigação de "novos usos de compostos já conhecidos e as possibilidades da sua ação conjunta, minimizando possíveis efeitos colaterais indesejáveis".
Gleice acredita que os resultados do estudo podem indicar o CBD como uma ajuda no tratamento da dor crónica que também pode reverter comportamentos semelhantes à ansiedade. Se este componente da Canábis ajuda a modular a aversão à dor, como se nota, fá-lo abordando "não só a parte de relevo mecânico do animal, mas também a questão desta modulação da perceção".
Apesar de celebrar os resultados, a professora Christie lembra que o estudo ainda é pré-clínico e que deve ser realizada mais investigação sobre o uso de canabidiol e outros derivados da canábis "até que sejam indicados para uso clínico no tratamento da dor crónica".
Gleice informa que, atualmente, existe "um leque de opções de estudo com o uso de canabidiol em várias doenças", focando-se principalmente nas suas propriedades "em comorbilidades e doenças neuropsiquiátricas". A substância tem demonstrado benefícios farmacológicos analgésicos e imunossupressores, com ação terapêutica para ansiedade, sono e distúrbios de movimento, "o que a torna uma substância com grande potencial terapêutico", observa Christie.
Os produtos com CBD já estão comercializados em vários países, incluindo Portugal, e "indicados para o tratamento da epilepsia, Parkinson ou Alzheimer, bem como analgésicos em doentes com cancro terminal", refere o professor.
No campus de Ribeirão Preto, no Brasil, os testes em animais mostraram o potencial do canabidiol (CBD) na redução da dor crónica e no tratamento de comorbilidades associadas, como a ansiedade. Os resultados da pesquisa sugerem que o canabidiol pode ser um adjunto no tratamento da dor crónica e que também pode reverter o comportamento de ansiedade. Mas os investigadores alertam que os ensaios clínicos devem ser feitos para confirmar os resultados.
Uma investigação desenvolvida por cientistas do campus ribeirão preto da USP em animais de laboratório mostra a ação positiva do canabidiol (CBD) – substância extraída da planta sativa da Canábis – na redução da dor crónica e das comorbilidades associadas, como a ansiedade.
A investigadora Gleice K. Silva-Cardoso, do Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP (FFCLRP) acredita que o CBD é uma estratégia promissora para o tratamento da dor neuropática crónica. O sistema canabinóide desempenha um papel essencial no circuito de sensibilidade à dor. O sistema endocanabinóide (encontrado no cérebro e em vários outros lugares do corpo humano e animal) foi descoberto no final da década de 1980, e desde então, vários estudos nacionais e internacionais envolvendo os efeitos terapêuticos do CBD ganharam tração. Um artigo de Gleice K. Silva-Cardoso foi publicado na revista Neurofarmacologia. Pode consultar mais informações sobre este tratamento canabidiol aqui:
Os resultados são da fase pré-clínica (testes realizados em animais de laboratório), mas mostraram o potencial terapêutico do CBD na redução da perceção da alodynia (dor a estímulos leves, como um simples toque) e hiperalgesia térmica (uma condição dolorosa causada pelo aumento do calor) em animais com dor neuropática. Segundo a professora Christie Ramos Andrade Leite Panissi, do Departamento de Psicologia da FFCLRP e supervisora de investigação, além da redução da dor, os cientistas observaram "a ativação de regiões do sistema nervoso central relacionadas com a modulação das respostas emocionais".
Quanto ao fator emocional, Gleice afirma que a dor crónica nunca vem sozinha e é frequentemente associada a alguma comorbilidade, "especialmente ansiedade e depressão". Assim, ela acredita que a desordem deve ser tratada num aspeto multifatorial e não apenas físico. As avaliações da investigadora baseiam-se também em resultados anteriores de um outro estudo que realizou na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, quando avaliou as atividades neuronais (comunicação entre neurónios e seus recetores) numa área localizada no tronco cerebral: o núcleo parabraquial, envolvido na modulação da perceção crónica da dor e que também foi testado para recetores canabinóides.
A canábis é composta por flavonoides, mais de 200 terpenos, e mais de 100 fitocanabinóides, entre os quais os mais conhecidos são o canabidiol (CBD, que não tem efeito psicoativo) e o tetrahidrocanabinol (THC, que tem um efeito psicoativo). Como um dos mais estudados, o CBD é capaz de ativar recetores canabinóides presentes no corpo e que faz parte do sistema endocanabinóide. Estes recetores podem ser ativados por substâncias endocanabinóides (produzidas pelo próprio corpo) e por derivados da Canábis, como o CBD ou outro agente sintético.
O professor Christie destaca que a procura de agentes terapêuticos, "especialmente para casos de dor crónica resistente aos tratamentos tradicionais", confirma a relevância do estudo, não só para a descoberta de novos fármacos, mas para a investigação de "novos usos de compostos já conhecidos e as possibilidades da sua ação conjunta, minimizando possíveis efeitos colaterais indesejáveis".
Gleice acredita que os resultados do estudo podem indicar o CBD como uma ajuda no tratamento da dor crónica que também pode reverter comportamentos semelhantes à ansiedade. Se este componente da Canábis ajuda a modular a aversão à dor, como se nota, fá-lo abordando "não só a parte de relevo mecânico do animal, mas também a questão desta modulação da perceção".
Apesar de celebrar os resultados, a professora Christie lembra que o estudo ainda é pré-clínico e que deve ser realizada mais investigação sobre o uso de canabidiol e outros derivados da canábis "até que sejam indicados para uso clínico no tratamento da dor crónica".
Gleice informa que, atualmente, existe "um leque de opções de estudo com o uso de canabidiol em várias doenças", focando-se principalmente nas suas propriedades "em comorbilidades e doenças neuropsiquiátricas". A substância tem demonstrado benefícios farmacológicos analgésicos e imunossupressores, com ação terapêutica para ansiedade, sono e distúrbios de movimento, "o que a torna uma substância com grande potencial terapêutico", observa Christie.
Os produtos com CBD já estão comercializados em vários países, incluindo Portugal, e "indicados para o tratamento da epilepsia, Parkinson ou Alzheimer, bem como analgésicos em doentes com cancro terminal", refere o professor.